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Palmada piora comportamento das crianças

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Quem nunca ouviu a famigerada frase “essa criança está precisando de umas boas palmadas”, que atire a primeira pedra, não é mesmo? Ainda nos dias de hoje, pais e mães recebem esse tipo de “recomendação” para educar seus filhos. No entanto, além de ser crime no Brasil, a palmada só piora o comportamento da criança, segundo uma pesquisa recente.

Crianças que apanham pioram o comportamento

Em um estudo publicado por pesquisadores ingleses na revista científica The Lancet, os cientistas fizeram uma análise de 69 pesquisas sobre castigos corporais realizadas nos últimos 20 anos pelo mundo. E o que eles concluíram é que, quanto mais apanham, mais as crianças pioram o seu comportamento. Além disso, de acordo com o estudo, menores de 16 anos agredidos pelos pais têm maior probabilidade de serem agressivos, antissociais e apresentarem problemas comportamentais. 

De acordo com a principal autora do estudo, Anja Heilmann, em entrevista ao jornal britânico DailyMail, o castigo é ineficaz e viola os direitos humanos das crianças. “O castigo físico é ineficaz e prejudicial e não traz benefícios para as crianças e suas famílias. Isso não poderia ser mais claro com as evidências que apresentamos”, reiterou. A pesquisadora aponta que este é um problema de saúde pública “pois o castigo físico não é apenas prejudicial, mas também viola os direitos humanos das crianças”. 

Palmada não educa 

A psicóloga Bárbara Snizek Ferraz de Campos, especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise explica que as palmadas sempre são violentas, pois colocam a criança no papel de objeto do adulto e não de um sujeito, que pode argumentar, explicar e se defender, o que é parte ativa da relação entre pais e filhos. “Tira-se a criança do papel de sujeito, que pode aprender, para alguém que só deve obedecer, sem pensar, refletir ou decidir. Os impactos vão além do físico”, ressalta. 

Além disso, a psicóloga lembra que a violência contra a criança não é apenas física, mas também pode ser psicológica, como gritos e ameaças. 

Problemas de saúde e aprendizado 

Segundo a psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica Elaine Di Sarno, “a neurociência mostra que punições físicas frequentes podem causar alterações no volume do cérebro, em áreas ligadas ao aprendizado e à tomada de decisões. Também há evidências de que a medida resulta em menores coeficientes de inteligência, o chamado QI, e a baixa autoestima também”, aponta. 

Além disso, a palmada pode acarretar problemas na aprendizagem da criança. “O emocional sempre deve estar em equilíbrio com o pedagógico; se um estiver abalado, não conseguimos bons resultados. Muitas crianças relatam que os pais ‘batem’ quando não conseguem cumprir algo dentro do esperado, mas não podemos esquecer que cada criança tem suas habilidades e limitações”, enfatiza a psicopedagoga Rejane Chibior, da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).  

Lei da Palmada 

Sancionada em 2014, a Lei da Palmada surgiu para estabelecer o direito de crianças e adolescentes de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. A Lei versa sobre punições para quem pratica atos contra crianças ou adolescentes. O castigo físico, por exemplo, é caracterizado como ação punitiva ou disciplinar aplicada com emprego de força física, que resulte em sofrimento físico ou lesão. Já o tratamento degradante é aquele que humilha, ameaça gravemente ou ridiculariza a vítima.

A pena, nestes casos, não é punitiva. A família é advertida e encaminhada para atendimento social e psicológico. Vale lembrar que qualquer outra pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger crianças pode ser enquadrada nesta lei. 

Além do fato de que a palmada piora o comportamento das crianças, é sempre bom lembrar que fazer uso da violência, seja em crianças ou em adultos, nunca deveria ser opção. O diálogo é o melhor caminho.  

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