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A birra como forma de comunicar e testar

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Até mesmo os pequenos mais comportados um dia saem do sério. Algo os estimula a reações intempestivas, que costumam ser potencializadas quando em locais públicos. Pesquisa divulgada pela Revista Crescer aponta que mais da metade dos leitores localizam o ápice da birra entre as idades de 2 a 4 anos – período no qual pais e filhos testam e acertam limites.

Especialistas ressaltam que essa explosão de fúria que provoca nos pais os mais variados sentimentos e reações – de vergonha a acessos de riso – é uma espécie de pedido de ajuda inconsciente da criança diante da frustração. Pode também ser uma reação ao cansaço, fome, dor ou sono.

Ana Rita Gomes da Silva, em seu Mestrado em Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento pela Universidade de Coimbra, em Portugal, investigou a temática em profundidade. Conforme ela, as birras são ocorrências corriqueiras no desenvolvimento infantil. “Envolvem a expressão de duas emoções independentes, mas sobrepostas, a raiva e a angústia. As crianças inicialmente sentem raiva quando percebem que os pais irão contrariar as suas vontades, mas continuam com a esperança de alcançar o que pretendem. A angústia surge quando percebem que a sua raiva é ineficaz e que não verão as suas vontades serem satisfeitas”, conclui.

A pesquisadora, baseada em estudos anteriores, mencionou manifestações e níveis associados a esse comportamento. A raiva teria três componentes capazes de expressar seu grau de intensidade. O nível mais elevado incluiria gritos e pontapés, podendo ser associados a elementos variáveis, como o bater e o adotar uma postura rígida. No nível intermediário haveria a presença de condutas como berrar, atirar objetos e empurrar, enquanto bater os pés e agitar as mãos estariam ligados ao nível mais baixo. Já quanto à angústia, seria traduzida em comportamentos como o choramingar e o chorar, assim como a busca de uma sensação de conforto ou o ato de deixar-se cair no chão.

Segundo Ana Rita, a predisposição para birras pode ser acentuada pela reação dos adultos. “Crianças que entendem que as birras são um meio eficaz de atingir o que querem fazem mais frequentemente birras que as outras crianças”, alerta. Igualmente pais que revelam raiva ou medo perante uma birra podem acabar reforçando a inclinação da criança em adotar esse comportamento, assim como os que se mostram excessivamente controladores. É importante destacar que a capacidade de observação e imitação dos pequenos pode gerar birras como forma de reprodução de cenas de descontrole ou agressividade dos adultos.

Como lidar com isso? A ciência e a experiência de pais e mães levam a conselhos como responder com calma, mas com determinação; buscar o diálogo com a criança, sem usar de violência, e se possível em outro ambiente, longe dos olhares alheios e julgadores. Distrair os filhos – sobretudo os de menor idade –, afastando-os da situação que os mobiliza, também pode ser uma estratégia para acalmá-los. Independente do procedimento, Ana Rita adverte: “Por nenhuma razão se pode permitir que a criança consiga o que se propõe depois de uma birra, uma vez que, desde muito pequena, a criança tem que interiorizar que as birras não conduzem a nada”.

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